Eles toparam o desafio e embarcaram em três veleiros não como passageiros, mas como tripulantes. Em grupos de quatro, apenas um, o técnico, enxergava: os outros três, com deficiência visual, se revezaram no leme, na vela principal e na vela da proa.

Antes de navegar pelas águas calmas da praia do Cantão do Indaiá, em Bertioga, no litoral norte de São Paulo, eles fizeram uma leitura tátil para conhecer o barco, um O’Day 12, e identificar suas partes. Depois, o controle estava com eles: o técnico apenas dava orientações.

“A pessoa com deficência visual se destaca por sua orientação espacial, memória localizada, senso de equilíbrio, acuidade dos outros sistemas sensoriais e pela capacidade de construção de mapas mentais”, explica José Augusto Coelho Filho, idealizador do projeto Verlejando.

“A sensação é de uma liberdade impressionante”, descreve Alexandre Santos Costa, ao deixar o veleiro. “Você realmente se sente no controle”, diz. “A energia do mar e o vento no rosto são fantásticos”, completa Caio de Carvalho. “A gente sente o que os olhos não veem.”

E a deficiência, na avaliação de Cássio Medeiros de Carvalho, torna-se uma vantagem competitiva sobre quem tem a visão. “Porque ninguém enxerga o vento. Então, como ninguém enxerga, quem tem mais sensibilidade sai na frente”, compara.

A Prefeitura de Bertioga, por meio da Diretoria de Acessibilidade e Inclusão, vinculada à Secretaria de Segurança e Cidadania, está cadastrando grupos para participar do Projeto Verlejando. Os interessados devem mandar um e-mail para [email protected] ou ligar para (13) 3317-4257.

Para Carolina Roborfelo Nogueira, coordenadora de esportes do Centro de Apoio ao Deficiente Visual, “o projeto mostra para toda a sociedade a capacidade que uma pessoa com deficiência tem no mar e na terra, tanto nos aspectos cognitivos como intelectuais”.

“Somos todos iguais, só fazemos de uma forma diferente”, conclui Alexandre.

Fonte: F123

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